Autora do livro Grito, Rito, Riso e Gozo, lançado pela Editora Multifoco dia 14 de Julho

Autora do livro Grito, Rito, Riso e Gozo, lançado pela Editora Multifoco dia 14 de Julho

quarta-feira, 22 de abril de 2009

Mulher - araucária

Sou uma mulher emergindo em meio as araucárias.
Emergindo entre o tudo e o nada,
entre o sim e não.
Uma mulher que queria ser uma araucária,
ou uma araucária que ousou ser mulher ao máximo!
E pagou seu preço!
Usufruiu seus prazeres...
Mas parece que agora cansou e quer voltar a ser árvore,
dar frutos, se encher de pássaros...
Porque ser mulher da trabalho!
Sou uma mulher submergindo dentro de uma araucária.
Me enrraizando
e tentando tocar o céu.
Já fui uma árvore na Urca, mas ela secou e morreu.
Chorei,
porque ela tinha sido o auge da abundância!
Hoje sou só e plenamente araucária
e ela me é.
E juntas vamos seguindo,
emergindo e submergindo
mas nunca desistindo
sempre de pé!
E se eu caio ela me levanta,
se me desfaço ela me reinventa
e seja que vento for, resistimos juntas!
Lutando lado a lado...
Pacto selado pela serra!
Pacto que nunca se encerra,
quando eu so rio Preto...

Natasha Treuffar

Na montanha

Cada vez tenho menos paciência pras pessoas!
Na montanha, sou leoa
e nada soa
além da busca quieta e incessante.
Como é bom estar distante,
e tão perto de si.
Cada vez tenho menos paciência pro mundo!
Mergulho pra dentro, vou fundo...
voo além, fico aquém,
só em silêncio pleno mantro amém!
Me mantenho bem e mal,
a graça é ser dual!
E vou mais longe, bem perto.
Quando acerto, sou surreal!
Sou fractal e faísca,
isca plena
e adjunto de Jurema.
Sou bebida e sou sagrada,
sou o canto da Ema.
Na montanha encantada sou.
Só.
Som, sul, céu azul!
Cisne ou patinho feio...
Na verdade sou leoa!
Que entoa, nunca atoa.
Mesmo que pareça a esmo.
Sempre fugindo das pessoas,
sempre enamorada passionalmente da luz e das sombras...
Nada me assombra,
na montanha.
E é só soma!
Eu mais ela e ela mais eu.
E nada mais é preciso,
tudo é impreciso e precioso.
Meu dia é essencialmente ocioso!
Por isso meu corpo é gozo...
Aqui.
Em meu paraíso e meu inferno.
O fato é:
O barato é interno!

Natasha Treuffar

Casa rosa

Casa rosa,
da escritora azul em chamas...
Casa esconderijo,
castelo preciso,
torre e altar.
Lugar de se deleitar em si
e criar,
contos, sonhos, histórias e enlevos.
Versos e prosas,
poesias rosas e amores azuis.
Alguns blues,
e procriar sorrisos,
perfumes tão precisos,
pra se rir de si.
E também chorar,
orar.
Aprender a esperar,
tarefa árdua, pra uma mulher feita de fogo como eu.
Tarefa água,
de ouvir a música do rio que passa aos meus pés,
da minha casa,
e virar um só com ele.
Um só ritmo,
Um só fluir,
rosa.
Em verso e prosa,
na palavra que goza...
Ao sair da mente pro papel,
ou a tinta pro pincel
e daí a tela,
a terra azul me envolvendo
e o infinito envolvendo a vida,
na única certeza: o incerto!
Busca incessante de oásis no deserto...
Busca de paz!
De mais!
De sim e de sinais,
de fumaça!
Que nos mostrem o caminho...
E, no devir da busca,
minha paixão pelas palavras
e meu namoro firme com elas!
Que entre o meu blue e o rosa da casa,
arcoírizarão tudo em versos...

Natasha Treuffar

segunda-feira, 13 de abril de 2009

Pecus (ou experiência antropológica de um anjo)

Amor é pra sempre
independe de um corpo e do tempo.
Amor é um canal de reencontro com o todo,
em sua forma sem forma.
Nadar na fonte...
Se unir aos seus pedaços originais que se perderam ou se separaram
em anos e anos de evolução da materia !
Amor puro. Sem escuro. Só luz !
Mas a complexidade me seduz,
feita que sou de extremos.
E pra manter o ritmo de êxtases,
mesmo que seguidos por dores,
criando assim expectros de cores até a ausencia de luz...
Sigo viciada em paixão !
Em montanha russa,
entre gargalhadas e lágrimas,
se nescessárias elas forem em troca dos ápices do prazer!
Assim sou viva ! Assim sei Ser !
Entre os anjos e demônios da paixão...
Porque paixão é corpo,
é carne,
é tudo que me encarne,
tudo que não sou.
Sendo anjo, que só quer ter prazeres de gente, de pele e de morte!
Pra poder me sentir viva !!!
Não tenho medo de abismos. Temo a falta deles !!!
E assim sigo, grata ao amor e carente de me perder...
Da paixão,
que é a única coisa que conheço mais forte do que eu !
E que então me domina
e me torna humana !
Porque no amor sou anjo, o que me é natural.
Mas na paixão...
Sou tudo é nada !
Divina e desgraçada,
Entregue ao que for...
Ao vir-a ser.
Ao me perder...
No êxtase de conhecer,
de experimentar, descer...
Me arriscar !
É o Pecus que me fascina...
Que faz a minha sina de querer dançar ao ritmo do que oscila,
de querer pisar na lama, cair nos buracos...
Me confundir, me fundir, me fuder...
Me perder de mim, anjo
e me reconhecer demônio...
No corpo e na alma do outro.

Natasha Treuffar